Balanço dos Protestos no Brasil
Ainda estava escuro quando manifestantes bloquearam acesso ao maior porto do paÃs. Nenhum caminhão pôde entrar em Santos, no litoral paulista. Quando o dia clareou, outras estradas foram fechadas. Em São Paulo, a ligação com o litoral foi interrompida. Os manifestantes ocuparam a rodovia Anchieta no sentido da capital. A PolÃcia Rodoviária fez um bloqueio para ninguém passar. Os manifestantes liberaram o acesso à s 12h.
A rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, chegou a ficar mais de duas horas fechada em São José dos Campos, no Vale do ParaÃba. A região é um pólo industrial com montadoras de veÃculos e empresas do ramo aeronáutico. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, trabalhadores de 30 empresas participaram do protesto.
Eram 6h30 quando os manifestantes invadiram as pistas
e queimaram pneus. Ãs 8h, a PolÃcia Rodoviária Federal chegou com uma ordem judicial que impedia o bloqueio. A Advocacia-Geral da União conseguiu uma liminar proibindo a União Geral dos Trabalhadores e a Força Sindical de interromperem o tráfego das rodovias federais de São Paulo. Em caso de descumprimento, a multa seria de R$ 100 mil por hora. Mesmo assim, o sindicato decidiu permanecer no local. A pista só foi liberada duas horas depois.
Pelo menos, 40 estradas foram fechadas em 14 estados. Sete rodovias gaúchas foram interditadas pelas manifestações. Pernambuco e Bahia tiveram seis rodovias bloqueadas. Em Goiás, um grupo queimou pneus na BR-153. O congestionamento chegou a 10 km. Alguns motoristas invadiram o acostamento e se arriscaram na fumaça.
No Brasil, boa parte dos atos de protesto foi organizada em páginas de eventos no Facebook e acompanhada em tempo real por depoimentos, fotos e vÃdeos postados no Twitter, pelos celulares dos manifestantes. Em comum, eles tinham hashtags como #vemprarua e #ogiganteacordou.
"A emoção gerada nas ruas entra na internet, via celular, e causa comoção, solidariedade. E isso vai sendo disseminado, contaminando os seguidores de quem compartilhou ou deu um deu um RT (retweet) na mensagem", disse Fabio Malini, professor da Universidade Federal do EspÃrito Santo e coordenador do Labic, à BBC Brasil.
"E isso fica tão intenso que gera uma mobilização e volta para as ruas, já que mais gente resolve sair para protestar. Assim, o ciclo recomença. à algo que se retroalimenta."
Agitação crescente
Gráficos que mostram o debate no Twitter em torno das tarifas de transporte público em São Paulo no dia 13 de junho mostram a ativação da rede social minutos antes e logo após o inÃcio do confronto dos manifestantes com a polÃcia â" tido como o episódio que "espalhou" os protestos pelo resto do paÃs.
Gráficos que mostram o debate no Twitter em torno das tarifas de transporte público em São Paulo no dia 13 de junho mostram a ativação da rede social minutos antes e logo após o inÃcio do confronto dos manifestantes com a polÃcia â" tido como o episódio que "espalhou" os protestos pelo resto do paÃs.
"O retrato dessa rede é a genealogia, o momento inicial do conflito no Brasil. Acho que é a partir daà que se multiplicam as hashtags e o conflito em outros estados. No momento do confronto, a rede se intensifica e as pessoas começam dar seus depoimentos e compartilhar depoimentos sobre o que estava acontecendo", afirma Malini.
Assim que o confronto começa, os relatos de violência policial ganham a rede na forma de tweets â" muitas vezes acompanhados por fotos e vÃdeos, naquela ocasião, incluindo manifestantes e jornalistas feridos â", e a temperatura da discussão online aumenta.
A partir do dia 13, segundo Malini, o nome da presidente Dilma Rousseff passa a ser mais mencionado no site, ao mesmo tempo em que manifestantes e defensores dos protestos começam a dizer que a luta não era somente por R$ 0,20, mas também por melhores serviços públicos e contra a corrupção.
No dia 17 de junho, quando aconteceram cerca de 30 manifestações em todo o paÃs, a análise do Labic já mostra "aglomerados" de pessoas que apoiam e que criticam o governo federal, além do papel da mÃdia dentro do debate.
"A mÃdia aparece aqui mais como difusora de informações do que associada a um dos lados. As notÃcias colocadas no Twitter são compartilhadas por ambos os lados para enfatizar seus argumentos", explica o pesquisador.
Além de crÃticas e defesas do governo, outro grupo de usuários "verbaliza pautas que os dois grandes grupos (de oposição e apoio ao governo) não mobilizam, como a questão dos Ãndios e dos grandes projetos de desenvolvimento, a questão da mobilidade urbana e a crÃtica aos gastos da Copa".
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